A família Haemohormidiidae agrupa os gêneros Haemohormidium e Sauroplasma. São hemoparasitos de peixes, répteis e aves e seus vetores são desconhecidos. No Brasil, são poucos os registros da presença de hemoparasitos em quelônios. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a existência de hemoparasitos em Podocnemis expansa (tartaruga da Amazônia) silvestres e exemplares mantidos em dois criatórios no Estado do Tocantins. O estudo foi realizado no rio Javaés, entorno da Ilha do Bananal, e nos cativeiros da Fazenda Praia Alta, a 35 km de Lagoa da Confusão, e da Terra Indígena Xambioá, a 150 km de Araguaína. Em cada local foram capturados 25 animais com comprimento de carapaça entre 15 e 60 cm. Após o registro dos dados biométricos foram colhidas amostras sanguíneas pela punção da veia caudal. Esfregaços sanguíneos foram examinados por até 20 min em microscópio (400x). A parasitemia foi estimada pela procura de parasitos em 20 réplicas de 100 eritrócitos (RBC) por campo, totalizando aproximadamente 2.000 células, também expressa em porcentagem. Dos 75 quelônios amostrados 72% estavam infectados por Sauroplasma sp. A Terra Indígena Xambioá foi o local com a maior prevalência, com 20 indivíduos positivos. A parasitemia média foi de 44.14/2.000 eritrócitos (2.2%; ± 25.9). Não houve relação significativa entre a parasitemia e o índice de condição corporal dos hospedeiros (R2=0.0014; p=0.78). Entretanto, a parasitemia diferiu significativamente entre as três áreas de estudo (ANOVA: F=6.0901; p=0.004). Essa diferença foi mais significativa em relação a parasitemia do cativeiro da Terra Indígena Xambioá, que diferiu da Fazenda Praia Alta (p=0,01) e dos animais silvestres do rio Javaés (p=0,05). Os resultados obtidos provavelmente se devem as diferenças nas condições ambientais e físicas dos animais amostrados. Este é o primeiro registro da ocorrência de Sauroplasma sp. em quelônios no Brasil e dos níveis de infecção do mesmo em P. expansa. |