O helminto Baylisascaris sp. é considerado de importância zoonótica devido a possibilidade de desenvolvimento da larva migrans ocular, neural e visceral em diversas espécies de aves e mamíferos. O seu ciclo pode ser direto ou indireto, apresentando ampla distribuição geográfica. Em regiões úmidas os ovos podem sobreviver por anos, inclusive nos períodos mais severos do inverno. Em períodos mais quentes ou de instabilidade climática, os ovos embrionam lentamente, sendo o pico de infecção nos períodos de verão e outono, com declínio no inverno. O mão-pelada possui hábitos noturnos e arborícolas, sendo um animal solitário e apresentando afinidade por matas eambientes de influência aquática. Por se adaptar a diversos tipos de ambiente e ter hábitos alimentares omnívoros,convive com diversas espécies, interagindo com diversos tipos de parasitos. Possui o hábito de defecar sempre nos mesmos locais, conhecidos por “latrinas”. A infecção pelo parasito pode ocorrer pela ingestão de ovos contaminados nas latrinas ou pelo consumo de pequenos roedores infectados, ingerindo, dessa forma, o terceiro estágio larval do ascarídeo. Este trabalho tem como objetivo relatar a presença de ovos do parasito Baylisascaris procyonis em um animal silvestre e as necessidades de controle devido ao seu caráter zoonótico. Amostras de fezes, coletadas de forma não invasiva, de um mão-pelada (Procyon cancrivorus) fêmea, adulta, com fraturas de rádio e ulna, supostamente vítima de atropelamento, foram enviadas ao laboratório de Helmintologia da Faculdade de Veterinária da UFRGS (Helminlab) e analisadas pelo método coproparasitológico de Willis Mollay. Na visualização microscópica do resultado da flutuação, foram encontrados cerca de 12 ovos por campo em aumento de 10X. É de suma importância o melhor conhecimento deste parasito e seus hospedeiros , visto que o homem também é suscetível a essa infecção, sendo essa enfermidade uma questão de saúde pública e necessitando de atenção para o seu controle.
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