SOROEPIDEMIOLOGIA DE LEISHMANIA CHAGASI EM CÃES NO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE, RS, BRASIL.
Autor(es): Mariana Caetano Teixeira, Raquel Ramos, Ana Luiza Tartarotti, Juliana Bisol, Valéria Marçal de Lima, Juliana Perosso, Verônica Schmitd, Neusa Saltiél Stobbe, Flávio A. Pacheco de Araujo
SOROEPIDEMIOLOGIA DE LEISHMANIA CHAGASI EM CÃES NO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE, RS, BRASIL.
» Área de pesquisa: PROTOZOOLOGIA
» Instituição: Uniritter
» Agência de fomento e patrocinadores: CNPQ
A leishmaniose visceral é uma zoonose de caráter incurável que tem o cão como principal reservatório no ambiente urbano. Em 2009, foram confirmados os primeiros casos autóctones desta parasitose em humanos e em caninos no município de São Borja/RS e registrada, pela primeira vez, a ocorrência do inseto vetor no Estado. Em 2010, foi notificado o primeiro caso confirmado de leishmaniose visceral canina (LVC) e identificados cães sororreagentes em Porto Alegre/RS. Tendo em vista as recentes ocorrências desta zoonose no Rio Grande do Sul, o presente estudo objetivou identificar aspectos epidemiológicos da LVC em cães em uma região com registros de casos no município de Porto Alegre. Esta região tem cerca de 150 mil habitantes com população canina estimada em 2.143 animais. Utilizando-se amostragem não probabilística por conveniência, foram coletadas 300 amostras de soro sanguíneo de cães as quais foram testas pelos métodos TR-DPP® e ELISA para diagnóstico de Leishmania chagasi. Um questionário epidemiológico contendo aspectos relativos às condições do ambiente e dos animais foi aplicado em entrevista com os proprietários. Os testes sorológicos foram 100% concordantes em seus resultados: três amostras (1%) apresentaram reação positiva e 297 (99%) foram negativas em ambos os métodos utilizados. Clinicamente, observou-se que 90% (270/300) dos animais apresentaram infestação por ectoparasitos, 70% (210/300) apresentaram alterações dermatológicas, 24% (72/300) emagrecimento e anorexia. Verificou-se que 83% (250/300) dos cães não tinham raça definida, 58% (175/300) eram fêmeas, 78% (238/300) dormiam ao ar livre e 61% (183/300) conviviam com outras espécies animais. Observou-se presença frequente de lixo não acondicionado e saneamento básico precário, extensas áreas de mata verde e pequenas propriedades rurais alternadas com áreas urbanizadas. Concluiu-se que, apesar da baixa prevalência de cães soropositivos para L. chagasi, existem condições de transmissão de LVC, com risco para a população humana no município de Porto Alegre.