O comportamento da autolimpeza é muito importante para o gado diminuir a infestação pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. A larva, ao tentar se fixar na pele, provoca coceira, e o animal se coça com a língua que é capaz de retirar a larva que o teria provocado. Assim, a morfologia da língua pode ser fator importante a ser considerado na resistência e susceptibilidade do gado ao carrapato. A língua possui quatro tipos de papilas em sua superfície dorsal, entre elas, a papila filiforme, situada, principalmente, no terço anterior deste órgão, e tem como uma de suas funções a remoção de ectoparasitas presentes no corpo. Uma biópsia foi feita na língua de novilhos com cerca de dois anos de idade, 8 Holandeses (HPB) e 8 Nelores, com um punch de 8 mm de diâmetro no centro do terço anterior à distância de 3 cm da ponta, com os animais sedados e anestesiados. Foi feita uma avaliação da infestação dos animais por meio de uma infestação artificial com 10.000 larvas nos europeus e 20.000 larvas nos zebuínos. Análise de variância de uma via foi aplicada para verificar diferenças entre raças quanto ao número de carrapatos maiores que 4 mm e de papilas filiformes por área. A infestação dos Nelore foi menor que a dos HPB (104,50 ± 88,31 versus 494,25 ± 198,79 carrapatos, P<0,0001), como esperado. Quanto ao número de papilas por área, não houve diferença estatística entre as raças, embora os Nelore tenham tido, numericamente, média maior dessas papilas por área do que os Holandeses (22,9 ± 4,4 versus 20,2 ± 1,6 papilas/cm2), o que deixaria a língua mais áspera, aumentando a eficiência da autolimpeza dos zebuínos. |