Os nematóides do gênero Eustrongylides parasitam a mucosa do esôfago, proventrículo ou intestino de aves aquáticas piscívoras como garças, biguás, marrecos, dentre outros. A Eustrongiloidose, além de patogênica para as aves, tem importância para a saúde publica devido ao seu potencial zoonótico, sendo transmitida pela ingestão de pescado cru ou mal cozido. A infecção por larvas de 4º estágio de Eustrongylides têm sido relatada em diferentes espécies de peixes no Brasil. Porém, não existem relatos de infecções elevadas em populações de vida livre. O objetivo foi identificar o agente etiológico responsável por caso de infecção massiva em uma população de lambari (Astianax sp.) de vida livre. Para esse estudo foram coletados 270 exemplares de lambari em uma represa no município de Itaguara na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. O proprietário relatava uma alta frequência de animais com tumores subcutâneos em diferentes regiões do corpo. Os exemplares foram eutanasiados por hipotermia e transportados em gelo para o Laboratório de Helmintologia Veterinária do Depto de Parasitologia do ICB/UFMG. Posteriormente, foram pesados, medidos e dissecados sob microscópio estereoscópico. Os nematóides recuperados foram lavados em solução salina 0,85%, fixados em formol 10% à 80oC, diafanizados em solução de lactofenol de Amann e identificados ao microscópio de luz de acordo com chave de Vicente e Pinto, 1999. Uma alta frequência foi verificada, com 210 (77,8%) peixes positivos com larvas de Eustrongylides sp. encapsuladas em cistos na musculatura. Dos positivos, 94 (44,8%) apresentavam apenas um cisto, 61 (29,1%) dois cistos, 32 (15,2%) com três cistos e 15 (10,9%) tinham entre quatro e 10 cistos. As larvas mostraram grande resistência ao resfriamento, sendo que 47,6% mantiveram-se viáveis 12 dias à temperatura de 1oC. A alta infecção observada, muito acima da frequência registrada na literatura, pode estar relacionada com características intrínsecas do habitat. |