As hemoparasitoses variam de expressão assintomática a casos de óbito, em função do balanço imunológico do animal. O gênero Plasmodium contem protistas heteroxenos que infectam aves, causando a malária aviária. A doença possui importância epidemiológica por sua ampla distribuição, em especial em áreas tropicais e úmidas, tornando o Rio de Janeiro um ambiente propício para sua ocorrência. Os principais achados laboratoriais são anemia, leucocitose e linfocitose. Acredita-se que P. (Bennettinia) juxtanucleare produza doença crônica, na qual a resposta imune reduz a parasitemia e os sinais clínicos. As infecções crônicas são difíceis de detectar ao esfregaço sanguíneo até que ocorram recaídas e aumento da parasitemia controladas por interações entre a resposta imune do hospedeiro, condições hormonais, de estresse ou infecções concomitantes. O objetivo deste estudo foi demonstrar a identificação de P. (Bennettinia) juxtanucleare em passeriformes em situações de imunocomprometimento. Amostras de sangue de três exemplares de trinca-ferro (Saltator similis) e um coleiro (Sporophila caerulescens) foram coletadas por punção jugular para realização de hemograma. Os animais eram criados em gaiolas, possuíam manejo nutricional inadequado e apresentavam diarreia e apatia. Plasmodium (Bennettinia) juxtanucleare foi evidenciado à hematoscopia. Esta espécie se caracteriza por pequenas formas justapostas ao núcleo das hemácias, esquizontes com citoplasma escasso, dois a seis merozoítos e gametócitos que raramente deslocam o núcleo do eritrócito. Leucocitose e heterofilia foram observadas em um animal (S. caerulescens). Contagens superiores a 60% de linfócitos estavam presentes em outros dois animais (S. similis). Foi instituída antibioticoterapia e os animais apresentaram melhora clínica significativa, sugerindo a presença de processo infeccioso. Concluiu-se que P. (Bennettinia) juxtanucleare está relacionado à infecção crônica em passeriformes, sendo possível observar o parasito ao esfregaço sanguíneo na presença de enfermidade concomitante e situações de estresse. Sabe-se que o confinamento produz estresse, que associado à nutrição inadequada, desencadeiam comprometimento do estado imune do paciente. |