A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi, que pode levar a um quadro clínico grave ou não manifestar sintomas aparentes. Já a microfilaremia canina no Brasil pode ser causada pelas espécies Dirofilaris immitis, Dirofilaria repens e Acanthocheilonema reconditum. A D. immitis é a responsável por causar a dirofilariose canina e a A. reconditum e D. repens são consideradas apatogênicas. Na LVC e dirofilariose, a gravidade das lesões e manifestações clínicas depende da carga parasitária, tempo de evolução da doença e da relação parasita-hospedeiro. O objetivo deste trabalho foi relatar a co-infecção de cães naturalmente infectados com leishmaniose visceral com vermes filarióides na circulação e demonstrar o possível agravamento do quadro anêmico nesses animais. Os animais com leishmaniose visceral (DPP® e ELISA) são provenientes do município de Barra Mansa–RJ e estão sendo acompanhados por um projeto de pesquisa com licença no CEUA-FIOCRUZ LW-54/13. De 24 cães adultos foi colhida uma amostra de sangue total para realização do eritrograma (Poch-100®) e visualização de filárias em microcapilar. Dentre os 24 cães com LVC em quatro (16,67%) foram visualizadas microfilárias. Nos animais apenas com LVC a média dos resultados no eritrograma foram; hemácias (4,25±1,35 x 106/mm3), hemoglobina (8,96±3,03 g%), volume globular (29%±9,5 %), VCM (69,02±4,95 fl) e CHCM (30,57±1,14%) e entre os animais com LVC e filaremia; hemácias (2,78±0,52 x 106/mm3), hemoglobina (5,75±1,2 g%), volume globular (19±3,95 %), VCM (67,08±3,6 fl) e CHCM (30,78±0,47%). O quadro anêmico em cães com LVC e dirofilariose é descrito e justificado por diversos mecanismos na literatura, porém os resultados acima demonstraram uma anemia mais severa nos animais com co-infecção, embora não possamos afirmar que a filária em questão é a D.immitis. A anemia normocítica discretamente hipocrômica em todos os animais pode estar relacionada a fatores inflamatórios associados à LVC. |