ASSOCIAÇÃO SIMBIÓTICA MUTUALISTA ENTRE UMA BACTÉRIA DO GÊNERO COXIELLA E O CARRAPATO RHIPICEPHALUS MICROPLUS
Autor(es): Melina Garcia Guizzo, Rebeca Patrícia Mendonça Machado, Daiane Patrícia Oldiges, Lucas Tirloni, Luís Fernando Parizi, Ricardo Pilz Vieira, Alexander Machado Cardoso, Orlando Martins, Itabajara da Silva Vaz Júnior, Pedro Lagerblad de Oliveira
ASSOCIAçãO SIMBIóTICA MUTUALISTA ENTRE UMA BACTéRIA DO GêNERO COXIELLA E O CARRAPATO RHIPICEPHALUS MICROPLUS
» Área de pesquisa: ACAROLOGIA
» Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro
» Agência de fomento e patrocinadores: CNPq, CAPES, FAPERJ, FAPERGS, INCT-Entomologia Molecular.
O carrapato Rhipicephalus microplus é um ectoparasita hematófago que causa prejuízos econômicos na bovinocultura. A metagenômica identifica microrganismos não cultiváveis em diferentes sistemas biológicos, possibilitando novas abordagens para o controle de parasitas, tendo em vista a compreensão das relações simbióticas e o impacto destas na fisiologia dos hospedeiros. Esse trabalho tem como objetivo caracterizar a natureza da associação simbiótica entre uma bactéria do gênero Coxiella e o R. microplus. Buscando caracterizar a microbiota em associação com o embrião, realizou-se a análise metagenômica dos ovos do R. microplus através da biblioteca de clones de um fragmento codificante para o RNA ribossomal 16S procarioto. Uma única espécie pertencente ao gênero Coxiella foi identificada. As Coxiellas são gram-negativas, intracelulares obrigatórias e presentes em associação com diferentes espécies de carrapatos. Através de qPCR a bactéria foi identificada no ovário da fêmea repleta de sangue (teleógena), demonstrando a transmissão vertical. Com o intuito de eliminar a bactéria dos ovos, teleógenas foram tratadas com antibióticos de diferentes espectros de ação. A tetraciclina reduziu os níveis de Coxiella sp. nos ovos, enquanto a ampicilina aumentou. No entanto, não houve alteração na oviposição e na eclosão. Porém em um experimento de infestação em um bovino foi demonstrado que embriões que se desenvolvem com níveis reduzidos de Coxiella sp. não atingem a fase de vida adulta. As larvas eclodem dos ovos e no hospedeiro realizam a ecdise originando ninfas, que por sua vez não são capazes de completar o desenvolvimento. Sendo assim, sugere-se a existência de uma associação simbiótica mutualista entre Coxiella sp. e R. microplus, de forma que um dos organismos da relação não é capaz de sobreviver na ausência do outro. O aumento dos níveis de Coxiella sp. sugere que a microbiota intestinal, possivelmente eliminada no tratamento com ampicilina, regule os níveis da bactéria em condições fisiológicas.