O carrapato Amblyomma sculptum (complexo Amblyomma cajennense) tem elevada relevância epidemiológica, uma vez que é considerado o principal vetor da Febre Maculosa Brasileira. Neste trabalho, conduzido entre outubro de 2009 e janeiro de 2013, verificamos as interações deste carrapato com ambiente e hospedeiros no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Foram investigadas as associações com tipos fitofisionômicos (formações campestres e florestais), com os dois hospedeiros exóticos mais abundantes e amplamente distribuídos – porcos monteiros (forma feral de Sus scrofa) e gado Nelore (Bos indicus) – e com pequenos mamíferos, considerados importantes para imaturos de Amblyomma, porém até o momento com poucos registros de associações com essa espécie. A. sculptum foi o carrapato mais abundante no ambiente e em porcos monteiros. Formações florestais contiveram quase a totalidade dos carrapatos, independente da estação do ano. Porcos monteiros foram infestados predominantemente por adultos, especialmente machos, no verão, e
ninfas no inverno. Experimentalmente, congêneres domésticos do porco monteiro alimentaram com sucesso ambos os estágios do carrapato. Infestações naturais por A. sculptum nos bovinos perfizeram mais de 31% do total de carrapatos, especialmente na época seca e por ninfas. Em infestações experimentais o bovino foi um hospedeiro adequado para ninfas de A. sculptum. Pequenos mamíferos (Monodelphis domestica, Oecomys mamorae, Clyomys laticeps e Thrichomys pachyurus) apresentaram ocorrências raras de ninfas de A. sculptum, porém foram muito infestados pelo carrapato Amblyomma parvum. Foi notável a ausência de A. sculptum nestes hospedeiros, em contraste com a grande infestação ambiental. Para as espécies exóticas, os resultados reforçam o papel de suídeos na manutenção dessa espécie de parasito e indicam uma possível contribuição do gado na alimentação de formas imaturas em situação de alta infestação ambiental.
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