O Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, pode parasitar cães tornando-os reservatórios, desempenhando um papel importante na ecologia e na epidemiologia da doença. Além disso, os cães são considerados sentinela e modelo experimental, visto que o parasita pode causar alterações patológicas semelhantes as encontradas em humanos, especialmente nas células cardíacas. Contudo, devido a ausência de pesquisas em cães infectados naturalmente é que objetivou-se pesquisar as alterações histopatológicas em células cardíacas de cães infectados naturalmente por Trypanosoma cruzi. Foram coletadas 25 amostras sanguíneas de cães capturados pelo CCZ de Maceió e após eutanasiados, coletaram-se fragmentos das câmaras cardíaca direita e esquerda, que correspondem aos átrios, ventrículos, e valvas tricúspide e bicúspide, para análises histopatológicas. O número de amostras cardíacas por animal, levando em consideração os pontos de coleta já citados foi de 6 por animal totalizando 150 amostras. O soro obtido do sangue foi submetido ao RIFI com ponto de corte de 1:40 e os fragmentos cardíacos fixados em formol 10% , clivados e submetidos a técnica de Hematoxilina e Eosina. Foram encontradas 60% (15/25) e 96% (24/25) de alterações macroscópicas e microscópicas respectivamente nos cães. Verificou-se que 8% (2/25) dos animais foram soropositivos para anticorpos IgG anti-T. cruzi a partir do ponto de corte de 1:40, onde 50% (1/2) dos animais positivos apresentaram coágulos nas câmaras cardíacas, presença de deposição de fibrina e necrose das fibras cardíacas, congestão em quase todas as áreas cardíacas. Alterações inflamatórias foram detectadas com maior frequência no ventrículo direito. As alterações macro e microscópicas nas câmaras cardíacas são inconclusivas para o diagnóstico da doença, funcionando como forma de identificação de áreas mais propícias às alterações patológicas provocadas pela presença do T. cruzi. Entretanto são necessários mais estudos relacionados às lesões histopatológicas cardíacas, a fim de minimizar as alterações em humanos. |