Recentemente foi relatado o primeiro caso de resistência ao fluazuron, em uma população de Rhipicephalus microplus no Rio Grande do Sul (RS). O objetivo desse trabalho foi investigar a aplicabilidade de uma técnica laboratorial para o diagnóstico de resistência ao fluazuron. Para tanto, foram utilizadas as cepas Mozo (suscetível) e Jaguar (resistente) como referência e populações de campo do estado do RS sem (n=5) e com (n=6) histórico de exposição prévia ao fluazuron. Teleóginas destas populações foram imersas por um minuto em 30mL de uma solução de 0,05g/L fluazuron técnico em acetona 10% com Triton-X100 0,02%. Em seguida, as teleóginas foram incubadas individualmente em placas de 24 poços por seis semanas a 26-27ºC/ 80%UR para permitir a postura dos ovos e a eclosão das larvas. O efeito do fluazuron foi determinado através da avaliação individual da eclosão de cada progênie. O tratamento da cepa Mozo com fluazuron resultou em inibição total da eclosão. Já a eclosão média da cepa Jaguar foi de 69,556%. As populações de campo sem histórico de exposição prévia ao fluazuron apresentaram eclosão de 0 a 1,25%, sem diferença em relação à cepa Mozo (p > 0,05). Entre as populações com exposição prévia ao fluazuron, apenas uma apresentou eclosão semelhante à Mozo (1,579%; p > 0,05). Todas as demais apresentaram eclosão significativamente superior à Mozo (p < 0,05). Duas populações apresentaram eclosão semelhantes à cepa Jaguar (62,857 e 90,5%; p > 0,05), ambas com histórico de nove anos de exposição ao fluazuron e com relatos de falha de eficácia do produto, podendo ser classificadas como resistentes. Os resultados obtidos permitem concluir que o ensaio laboratorial desenvolvido é capaz de diagnosticar a resistência ao fluazuron em R. microplus e ainda alertam para a existência de mais casos de resistência a este acaricida no estado do RS. |