A infestação por carrapatos em suínos domésticos (Sus scrofa) no Brasil tem sido restrita a registros esporádicos. Entretanto, experimentalmente, esses animais alimentam adequadamente o carrapato Amblyomma cajennense sensu lato. Similarmente, a forma feral de Sus scrofa apresenta elevada infestação pelo mesmo carrapato em ambiente natural. Considerando a importância desse e de outros carrapatos como vetores de doenças a humanos e animais, e a relevância da suinocultura na economia brasileira, este trabalho avaliou a infestação por carrapatos em diferentes sistemas de criação de suínos. Suínos domésticos foram inspecionados para coleta de carrapatos em uma granja tecnificada (GT) no município de Uberlândia-MG (10 suínos), dois Sistemas Intensivos de Suínos Criados ao Ar Livre (SISCAL) em Uberaba-MG (16 suínos), uma criação extensiva não tecnificada (CE), em Araguapaz-GO (09 suínos) e outra em Chapada Gaúcha-MG (04 suínos). Carrapatos ingurgitados foram acompanhados em laboratório para verificação de ecdise ou oviposição. Foram calculadas intensidade média (IM=número de carrapatos/número de hospedeiros infestados) e prevalência (P=número de infestados/número de inspecionados x 100) de cada local. Em um SISCAL, obteve-se 104 ninfas e uma fêmea de Amblyomma cajennense s.l. (IM=26,25; P=50%). Todas as ninfas estavam ingurgitadas e 72% sofreram ecdise. Na CE (Araguapaz) foram coletados 11 fêmeas e quatro machos de Amblyomma cajennense s.l. e um macho de Amblyomma parvum (IM=4,00; P=44%). Das fêmeas, cinco estavam ingurgitadas e cinco semi-ingurgitadas, das quais cinco ovipuseram em laboratório. A infestação por carrapatos só ocorreu em suínos de uma das propriedades tanto de SISCAL quanto de criação extensiva. Nesses locais, porém, a infestação foi regular e os carrapatos ingurgitados conseguiram sofrer ecdise e ovipor, demonstrando que os suínos foram hospedeiros adequados. Tais resultados sugerem que suínos domésticos são suscetíveis à infestação natural pelas espécies encontradas e que essa relação parasita-hospedeiro pode ser mais comum do que se tem relatado até o momento. |